Ao se perder alguém importante e próximo a nós, passamos pelo luto, uma etapa natural e importante do processo de separação.
A esse processo chamamos de fases do luto, as quais consistem em etapas de queda até atingirmos a depressão e, posteriormente, ascensão até chegarmos na aceitação.
Inicialmente, passa-se pelo estágio de negação e isolamento, o qual é um choque para que nos acostumemos com a situação.
Nessa etapa, aceitamos de forma parcial a perda e separação para, de forma gradual, nos recuperarmos à medida que nos acostumamos com a realidade para dar início a uma reação.
Nesta fase, ficamos entorpecidos vivendo uma realidade onde você está presente e ausente ao mesmo tempo.
O segundo estágio é a raiva.
Nesta fase surge um sentimento de revolta, inveja e ressentimento por não poder negar a realidade da perda.
O enlutado se questiona: ‘Por que comigo e não com outra pessoa?’.
A raiva se manifesta em reações para com o ambiente e as pessoas que nos cercam.
Talvez, essa seja a fase mais difícil, pois nos tornamos revoltados, mal humorados e negativos com o mundo que nos cerca.
Na sequência vivenciamos o estado de barganha,
onde começamos a ter esperança e acreditamos que nossas crenças religiosas e algumas reações positivas em nossas vidas possam melhorar a raiva sentida anteriormente.
Já no quarto estado conhecido como depressão,
a realidade crua e nua nos assola, pois o sentimento de tristeza profunda acompanhado de solidão e saudade nos causa a debilitação emocional que se reflete no corpo físico.
Não se tem vontade de ver nem falar com ninguém, no entanto, como é necessário dar continuidade às nossas vidas (trabalho, cuidados pessoais e com familiares, etc.) vestimos nossa máscara para a sociedade nos fazendo de forte para transparecer uma aceitação que ainda não se instalou.
Essa fase é contraditória pois queremos ajuda de quem nos ama mas, ao mesmo tempo, queremos nos isolar e desaparecer do mundo.
É importante recebermos, por mais que neguemos, o apoio de amigos, familiares, parceiros de vida, colegas de trabalho para nos reerguemos e entrar na fase de aceitação.
No entanto, nem sempre essa fase é fácil, pois a maioria das pessoas não entende os sentimentos contraditórios pelos quais o enlutado está passando e iniciam-se as pressões sociais para a recuperação que não ajudaram em nada, porque cada indivíduo tem seu tempo de recuperação.
Posteriormente, vivenciamos a fase de aceitação.
Após superarmos os sentimentos de raiva e ódio pelos que permanecem vivos, lamento pela perda e ausência de quem se foi, chegamos na fase de esperança onde os sentimentos se tornam mais calmos, serenos e tranquilos.
Nesta fase temos menos expectativas em relação às pessoas, lugares, sentimentos e situações.
É uma fase transformadora pois deixamos de ver o mundo perfeito de nossos sonhos e o enxergamos da forma real como ele é, sem filtros, sem máscaras, imperfeito e real.
É o momento onde a realidade vem de encontro com a esperança mas sem ilusões.
Ao chegar nesta etapa não significa que esquecemos o ser amado, mas que iniciamos uma fase de criação de novos sentimentos em relação à perda, encontramos novos interesses, traçamos novos objetivos de vida e criamos novos vínculos para amenizar e conviver de forma mais calma com a dor da perda.
Como disse uma amiga muito querida: ‘Não esquecemos jamais a pessoa que partiu … apenas nos acostumamos a conviver com a dor, pois as boas lembranças acalmam nosso coração’.
Apesar do luto ser caracterizado por essas cinco etapas, não há um tempo para sua duração, afinal, cada indivíduo é único e pode passar por cada uma dessas etapas de forma mais rápida ou lenta.
No entanto, apesar de toda a dor e sofrimento causados pela perda e ausência, o luto é necessário para darmos continuidade a nossas vidas.
Por mais doloroso que ele seja, em todas as etapas, sempre temos a esperança de que há algo melhor ao final do caminho.
E, é essa esperança que nos faz prosseguir.
Afinal, como diz o ditado popular: ‘A esperança é a última que morre’.
Lembrando que as fases do luto não se resumem apenas a entes queridos que partiram, mas a outras situações de vida, tais como: a separação em um relacionamento amoroso, o término de uma amizade, a perda de um emprego e, até mesmo, de um animal de estimação.
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É possível ACEITAR O LUTO de uma forma mais leve e confiante!
Chegou o seu momento de RECONSTRUIR-SE!
Pérola Ribeiro
Doutora em Ciências / Professora e Coordenadora do Curso de Nutrição – UNINOVE